“O diabo empalidece comparado a quem dispõe de uma única verdade” (Emil Cioran)
Thomas Arnold viu muito longe quando disse que fanatismo é idolatria. Fabricamos as imagens que vamos adorar em seguida, e essas imagens podem ser concretas, abstratas ou especulativas. Cultuar alguma coisa feita por aquele que rende culto é idolatria – um círculo ilusório, que conduz sempre ao mesmo ponto. A intuição interior tende para a linha reta, sem as curvas que num tempo variável conduzem a si próprias, numa repetição eterna. Os fanáticos têm medo da incerteza, e por isso são determinados e rígidos
Voltados numa só direção, transmitem a idéia de que sabem o caminho, o que não acontece. Na verdade estão andando em círculos.A necessidade de ser liderado é tanto mais visível quanto mais rude o meio em que se manifesta. É confortável obedecer, quando tudo parece incerto. Em toda parte há sempre gente querendo colocar suas energias a serviço de uma causa, de uma doutrina, alguma coisa que faça as escolhas, que forneça as palavras de ordem e aponte que direção tomar. No meio do rebanho, é só seguir, sem as dores da incerteza. Os que lideram trazem quase sempre uma doutrina pronta – porque os fundadores raramente lideram. Um conjunto de conceitos, conclusões, normas, tudo embrulhado em frases encorajadoras ou denunciadoras – eis a seita, o grupo organizado, a massa manobra. O oposto do fanático, na outra ponta do espectro, é muito menos popular.
A não aceitação de antolhos, de regras previamente impostas, provoca vertigens nos “fiéis” e engajados. É inconcebível para eles caminhar com as próprias pernas – isso soa à indisciplina e individualismo. O homem que não se deixa envolver, condicionar, fanatizar, é para eles um ser desprezível que recusou a necessária “coletivização” – e aí estamos em pleno pesadelo orwelliano. O fanático é o que renunciou à crítica, porque aceitou integralmente um processo que se desenvolve à revelia do seu discernimento. Diante de uma situação nova, consulta sua programação. Em nome da fé, da justiça ou que outro nome ideal possa servir de desculpa à covardia e à indigência mental.
“O diabo empalidece comparado a quem dispõe de uma única verdade” (Emil Cioran)
Thomas Arnold viu muito longe quando disse que fanatismo é idolatria. Fabricamos as imagens que vamos adorar em seguida, e essas imagens podem ser concretas, abstratas ou especulativas. Cultuar alguma coisa feita por aquele que rende culto é idolatria – um círculo ilusório, que conduz sempre ao mesmo ponto. A intuição interior tende para a linha reta, sem as curvas que num tempo variável conduzem a si próprias, numa repetição eterna. Os fanáticos têm medo da incerteza, e por isso são determinados e rígidos
Voltados numa só direção, transmitem a idéia de que sabem o caminho, o que não acontece. Na verdade estão andando em círculos.A necessidade de ser liderado é tanto mais visível quanto mais rude o meio em que se manifesta. É confortável obedecer, quando tudo parece incerto. Em toda parte há sempre gente querendo colocar suas energias a serviço de uma causa, de uma doutrina, alguma coisa que faça as escolhas, que forneça as palavras de ordem e aponte que direção tomar. No meio do rebanho, é só seguir, sem as dores da incerteza. Os que lideram trazem quase sempre uma doutrina pronta – porque os fundadores raramente lideram. Um conjunto de conceitos, conclusões, normas, tudo embrulhado em frases encorajadoras ou denunciadoras – eis a seita, o grupo organizado, a massa manobra. O oposto do fanático, na outra ponta do espectro, é muito menos popular.
A não aceitação de antolhos, de regras previamente impostas, provoca vertigens nos “fiéis” e engajados. É inconcebível para eles caminhar com as próprias pernas – isso soa à indisciplina e individualismo. O homem que não se deixa envolver, condicionar, fanatizar, é para eles um ser desprezível que recusou a necessária “coletivização” – e aí estamos em pleno pesadelo orwelliano. O fanático é o que renunciou à crítica, porque aceitou integralmente um processo que se desenvolve à revelia do seu discernimento. Diante de uma situação nova, consulta sua programação. Em nome da fé, da justiça ou que outro nome ideal possa servir de desculpa à covardia e à indigência mental.